EU ADORARIA TER ESCRITO ESTE ROMANCE. Eu adoraria ter criado este ritmo. Este fluxo. Este nada. Ser dono dessa merda toda. Eu adoraria ter pulado estes parágrafos únicos. Ter me lançado nos abismos desta “bioficção”. Eu adoraria ter conhecido um coração carioca. Ter acreditado no amor acidental. Ser pai de uma menina de olhos caídos. Eu adoraria este tipo de paternidade. Meu filho ter nascido assim. Um incendiário garoto prodígio. Jogador doente de basquete. O futuro jogado no lixo. Sem sucesso. Sozinho. Sem amor. Um punheteiro. Don Juan donzelo. DDA. Eu adoraria. Juro. Seria capaz de dar a minha vidinha em troca desta vidinha. Sei lá. De todas essas vidinhas ao redor. É um pior do que o outro neste livro. Eu adoraria ter crescido no Pará. Chafurdado na lama de seus rios. Belém bélica. Cidade perdida. Melhor ir embora para a América Latina. Eu adoraria ter pegado este barco furado. Caído na mesma estrada de Jack Kerouac. Um artista frustrado. Adoraria. Ser autor desta história inglória. De diálogos sem diálogos. Ninguém entendendo nada. Cada um por si só. Às gargalhadas. Rindo desta desgraça. Bebendo uma. Eu adoraria. Fumando um. Eu adoraria. Cheirando a pó. Cheirando a chulé. Um pé-rapado. Daria tudo por um cigarro. Um carinho. Um passado mais bonito. Linha por linha. Não ter este destino. Selado. Mais morte do que vida. Em qualquer cidade. Bolívia. Rio de Janeiro. São Paulo. É sempre isto. Adoraria ter feito Hermano. Murilo. Rudie Ruth. Manoela. A turma toda. Cada uma das pessoas-personagens. Deus. O Diabo. Ter testemunhado Caco Ishak. Na hora do mergulho. Deste acerto de contas. Desacertado. Eu adoraria ter estado ao seu lado. Adolescente. Assistindo à MTV. Conferido o momento em que ele resolveu desequilibrar a narrativa. Ir fundo aos sons mais sujos. Acreditar que a palavra é quem filma. Desenha. Levanta do nada uma existência. Esta linguagem filha-da-puta. Fodida. Molhada. À vera. Enxuta. Faminta. Tomando no rabo. Botando para foder. Eu adoraria ter sido o responsável por isto. Por este romance de estreia. De um cara que já era poeta. E continua sendo. Único. Para valer. Doa a quem doer. E como dói. Adoraria ter sido eu este Cowboy. Em cima deste cavalo. Um anti-herói brasileiro. Mas não teve jeito. Este livro não fui quem escreveu. Não deu. Por isso assino embaixo. Apenas o texto desta orelha. Como escritor. Eis o meu grande fracasso. (MARCELINO FREIRE)
chegando a hora. capa do menino prodígio raffael regis com ilustras do deus guilherme pilla. quase acredito no que o povo falou aí acima. só me resta ficar feliz, eu acho. o sorriso, pelo menos, tá estampado no rosto. obrigado e parabéns a todos os envolvidos:
wagner, maitê, gustavo, mirelle, arruda, jessica, renato, laris, jorge, roberta.
flavinha, tati, marianna, raffa, mojo, marião, sérgio, marcelino, paulo, pilla, bucci.
diana, daniel, vermelho, elvis, roberto, damaso, rodrigues, teo, cunha, guedes.
sady, jj, diego, andrey, hugo, wagão, mayer, leo, palmireno, vanja, joão, he-man.
organismo, porra.
família.
steve.
gratidão.
um brinde, um pega, um pesadelo tranquilo.
kanpai.