
“Ao expor conflitos no Oriente Médio e jogar luz à violência do cotidiano, Ishak denuncia com sua literatura o que, em palavras, parte da mídia banaliza em textos frios e assépticos. A realidade é suja e dolorosa, para os que padecem por ser quem são, simplesmente, em um Brasil que avança para a distopia, como alguns dos contos que se apropriam da silhueta apocalíptica. O grito de horror, essa figura simbólica na literatura, encontra um túnel amplo e fétido para ecoar neste livro.”
trecho da resenha pontualíssima de culpa escrita por matheus lopes quirino e publicada na pandêmica revista fina (finíssima). gostei bastante, mesmo. matheus também me entrevistou:
…muito me preocupa o cancelamento de quem não pode mais se defender, embora a obra em si seja a melhor tese de defesa. Entender o contexto, entender o que foi dito, quando foi dito, por que foi dito. Não podemos recair no erro do inimigo se quisermos de fato reconstruir a sociedade. Não podemos atear fogo em clássicos só porque o mundo mudou — ou carrega no umbigo a pretensão de ter mudado. A censura, por exemplo. Passou das mãos do Estado pr’as mãos dos bilionários. E todo mundo parecer estar tranquilo quanto a isso. Endossam até, em nome do coletivo. Só que bruxas foram queimadas em nome do coletivo. Livros foram queimados em nome do coletivo. Obras de arte foram censuradas. Informações foram censuradas, o debate. Tudo censura. E, sabemos bem, a única censura válida é a autocensura. Quem ainda tem alguma dúvida, que releia os livros de história. Não se pode abrir mão impunemente de um princípio em nome de outro.
leia a resenha e a entrevista na íntrega: aqui. agradeço o espaço, matheus.