“cowboy-romancista”

A poesia é uma vadia. Me faz de gato e sapato. Entra e sai da minha vida como quem sofre de prisão de ventre, seguida de uma diarreia fulminante. Não tenho o menor controle sobre meu esfíncter poético. Passo meses, anos sem escrever um verso e, de repente, do nada, em duas semanas, escrevo sete poemas. A prosa, por outro lado, sempre foi mais “fácil”. Consigo abrir o computador e escrever qualquer coisa de qualidade duvidosa que, após um tempo, pode acabar sendo retrabalhada. Com a poesia, isso não acontece. Sou mulher de malandro, ok, mas faço meu doce. Quando ela, enfim, resolve voltar pra casa, ou vira de quatro duma vez e pisca em morse pro mundo ou deixo quieto, não dou bola, fico sentado, lendo os obituários no jornal, enquanto ela passa rebolando na minha frente, aquele rastro de perfume barato, pra ver se consegue chamar minha atenção. Então, sabe Deus quando deve sair o próximo de poesia. O mesmo pode ser dito quanto ao próximo romance, já sendo escrito. Mas, ao contrário do Eu, Cowboy, que saiu em 27 dias, esse, pelo visto, deve levar uns dois anos.

entrevista concedida a bruno azevêdo e tássia arouche pro ambrosia durante a flip 2015.

About caco ishak

deu pau no servidor da verbeat
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