chegou o dia. muito me deu prazer ter escrito o prefácio desse somos mais limpos pela manhã, não só por ser meu primeiro como sobretudo por ser o primeiro do jorge filholini.
segue um trecho:
A consciência já tão bem formada de um autor estreante quanto à transitoriedade das vidas mimetizadas na obra, portanto, da obra em si. “Narra direito ou abandono o texto”, diz o personagem de Mataram o narrador, cutucando os frangos de caçarola da literatura nacional: “escrever à mão ninguém mais quer. Dói o punho. Tadinhos”. Logo, do próprio autor.
Quem seria o Senhor H? Quem seria esse poeta “sempre solicitado nos saraus pra recitar aquele verso do Paulo Paes ou do Bandeira” e que hoje já não consegue lembrar a senha da própria conta bancária? Seria o H de Herói da literatura nacional? Ou heróis nada salvam senão os próprios umbigos? O país se salva. E… lá vem o Brasil descendo a ladeira.
E com o Brasil, todos os heróis de verdade, os heróis da rua, os mesmos retratados pelo Jorge Filholini na literatura ou na fotografia ou numa conversa-fiada de bar. As chagas de um herói comum, ainda que já não sambe feito o pai, enlatado num sonho classe-média com garagem, previsível e cotidiano, My way na vitrola. “A casa sempre sabe o próximo passo de seu dono”. As chagas de Antônio Carlos cortando “sua pizza como um príncipe”, um covarde. Ainda assim: his way.
que livro foda esse sacana escreveu. alegria mesmo (não invoco a palavra em vão) de fazer parte assim tão intimamente desse momento.
hoje portanto até compartilho a guarda com quem quer quer apareça (e espero que apareçam muitos, todos) mas: o filholini é meu.