em colagens de márcia huber

meu cachimbo virado do rimbaud
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culpa na fina

“Ao expor conflitos no Oriente Médio e jogar luz à violência do cotidiano, Ishak denuncia com sua literatura o que, em palavras, parte da mídia banaliza em textos frios e assépticos. A realidade é suja e dolorosa, para os que padecem por ser quem são, simplesmente, em um Brasil que avança para a distopia, como alguns dos contos que se apropriam da silhueta apocalíptica. O grito de horror, essa figura simbólica na literatura, encontra um túnel amplo e fétido para ecoar neste livro.”

trecho da resenha pontualíssima de culpa escrita por matheus lopes quirino e publicada na pandêmica revista fina (finíssima). gostei bastante, mesmo. matheus também me entrevistou:

muito me preocupa o cancelamento de quem não pode mais se defender, embora a obra em si seja a melhor tese de defesa. Entender o contexto, entender o que foi dito, quando foi dito, por que foi dito. Não podemos recair no erro do inimigo se quisermos de fato reconstruir a sociedade. Não podemos atear fogo em clássicos só porque o mundo mudou — ou carrega no umbigo a pretensão de ter mudado. A censura, por exemplo. Passou das mãos do Estado pr’as mãos dos bilionários. E todo mundo parecer estar tranquilo quanto a isso. Endossam até, em nome do coletivo. Só que bruxas foram queimadas em nome do coletivo. Livros foram queimados em nome do coletivo. Obras de arte foram censuradas. Informações foram censuradas, o debate. Tudo censura. E, sabemos bem, a única censura válida é a autocensura. Quem ainda tem alguma dúvida, que releia os livros de história. Não se pode abrir mão impunemente de um princípio em nome de outro.

leia a resenha e a entrevista na íntrega: aqui. agradeço o espaço, matheus.

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culpa no página cinco

rodrigo casarin me convidou pra falar sobre culpa no podcast do página cinco.

agradeço de público o convite. prazer e honra. escuta lá, mas escuta tudo. aqui.

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de volta à tradução

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culpa by fernanda d’umbra

“Eu posso mentir, se vocês preferirem.”

Eu adoraria que ele tivesse feito isso, mas o que temos aqui é ficção – a mais pura verdade. Os nove contos estão aqui mesmo. Essa gente cruel e louca está aqui mesmo. Eu estou aqui mesmo. Nas palavras cortantes, nas cenas desoladas, no humor assustador e numa vontade louca de gritar qualquer coisa. Tudo bem, não faremos isso porque vivemos na realidade e a ficção é outro assunto. Aqui não há mentira que nos salve. O autor te sequestra e é impossível sair.

Ele faz previsões nefastas num conto escrito em 2016 e aqui estão elas, concretizadas, brilhando em 2021. Como se ele nos dissesse: olha, vai dar tudo errado. E deu. A gente sabe. Até a morte, que sempre foi um grande acontecimento na vida de uma pessoa, virou um compromisso de meio da tarde. Uma vergonha. “Acabou a solidariedade.”

O pior é que não é só a taça do mundo, não, tio, a culpa também é nossa. E ela adora habitar as vítimas, porque a culpa não sabe exatamente onde deve ficar. Então ela fica onde dá, onde deixam, onde a colocam. Todo mundo no mesmo incêndio e o desespero completamente à vontade, precisa ver.

Era o caso de ficar quieto. Não escrever este livro, não mexer nesse buraco sem precedentes que o autor resolveu cavucar. Mas isso seria um crime, porque não teríamos como viver o domínio absurdo da linguagem que aqui se apresenta. Onde todas as palavras destilam o horror. Um espetáculo da literatura.

Enfim alguém resolveu escrever a verdade. E esse alguém se chama Caco Ishak.

Fernanda D’Umbra

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culpa no le monde e no ibraspal

ou melhor dizendo: o conto coabitáveis, sobre os crimes de guerra praticados por israel contra o povo palestino, presente em culpa. agradeço demais o espaço.

Ninguém no quarto. A energia oscila, a TV liga sozinha. Palestino é morto com um tiro na cabeça perto da aldeia de Beit Dajan após manifestantes atirarem pedras contra soldados sionistas. Al-Durrah fecha o chuveiro, enrola-se na toalha, sai do banheiro e cata o controle na cama. Hesita diante da imagem de um idoso sendo escoltado por um dos recrutas amontoados ao redor, retido pelo braço que se apoia em uma bengala de madeira rústica. Mão livre ao alto, palavras de ordem reivindicando brio à barba branca. Al-Durrah desliga a TV, joga o controle de volta no colchão. Sobre a cômoda, o rádio bidirecional assume o protagonismo.

leia o resto aqui.

adendo: o conto acabou sendo replicado no site do instituto brasil palestina. baita honra.

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CULPA

PREFÁCIO

Bibiana Leme

Este livro é um expurgo. Sintoma de doença malcurada, herdada, cujo remédio nunca acertamos.

Caco Israque (se lê assim) faz aqui um mea machina culpa. Vivemos, afinal, no tempo dos robôs e dos sistemas. Clicamos em “aceitar” e seguimos em frente, sem nunca ler os termos desta nova sociedade. De(s)controle. Mas as pessoas, por serem mais baratas, ainda fazem o trabalho sujo.

Em nome da facilidade, vemos a realidade se distorcer cada vez mais, todos os dias. Testemunhamos a desigualdade, a injustiça, a sacanagem. E ou sentimos muita culpa ou não sentimos nenhuma. Não conseguimos jamais estabelecer uma relação razoável com a culpa. A justa medida.

Agora, porém, que o céu caiu na nossa cabeça, não adianta negar que estamos vendo, porque ele tem peso. Votamos no professor. Ou ao menos não votamos no torturador. Muito bem. Fizemos o mínimo. Mas quantas vezes fazemos algo pelo simples fato de que é justo? O que você faz quando ninguém está vendo? Que culpas carregamos escondidas?

Não há final feliz garantido para nós. Não há deus ex-machina. Há sujeitos. E sujeitas. Mesmo por trás das máquinas. Nossa máxima culpa, a que nos cabe neste latifúndio improdutivo.

Não conseguimos entender que uma sociedade doente é um indivíduo doente é uma sociedade doente… A tampa da privada de um banheiro público será deixada igualmente suja, para que “alguém” a limpe, esteja ela num shopping center rico ou num shopping center pobre.

É justo que uma criança que ama seu pai, e que tenha um pai amoroso, não precise derrubar o muro da calúnia para conseguir enxergá-lo. É justo que as fronteiras sejam mais gentis com as pessoas que com as mercadorias. Que a força desigual não seja jamais usada por quem sabe a dor que ela provoca. É justo viver sem muros. É justo, sempre foi justo. O micro e o macroespaço são reverberações. Juntos habitamos um planeta, mas não conseguimos coabitá-lo. Uma tia gagá desgarrada, uma criança de rua babada e encantada, um poodle sem dentes que achou por bem desertar, vingadores periféricos da memória de uma jovem vítima de feminicídio, toda uma sociedade das margens. Marginal é o que nos cerca. E, no centro deste livro, curiosamente, habita um enfant terrible. A criança que tem tudo nas mãos e não quer. Mas não quer com tamanha força que precisa destruir tudo que tem. Tudo que existe.

As palavras de Ishak são capazes do asco e da frase mais saltitante. Psicógrafo de uma vida que oscila a cada segundo entre a luz e a sombra. Quem bate à porta traz a janta ou a morte? A resposta está em nossas mãos, como contou Toni Morrison em seu discurso do Nobel: algumas crianças vão a uma anciã cega para pregar-lhe uma peça e perguntam se o pássaro que têm nas mãos está vivo ou morto. Eu não sei, mas está em suas mãos, diz a mulher. A resposta entre a vida e a morte passa pelas nossas mãos todos os dias, em maior ou menor escala.

Coabitar é risco. Escrever é risco. Coabitar o espaço mental com o outro. A outra.

Aqui jazem os cacos de Ricardo Ishak.

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debutante

quinze anos do má reputação. sempre mui bem acompanhado. lançamento no lendário café imaginário, em belém.

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revista acrobata

Captura de Tela 2020-07-13 às 19.09.10

pontas soltas, apagadas
emaranhando-se em cemitérios
à espera de quem lhes reacenda memórias
.:.
esse e mais quatro poemas do meu próximo livro (até agora batizado de elle) foram publicados na revista acrobata, do mestre Demetrios Galvão. agradeço demais o espaço. confere lá.
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a geração dez de nelson de oliveira

vendo só agora essa lista do mestre nelson de oliveira, organizador das lendárias coletâneas geração 90 e geração zero zero. honra demais da conta. não poderia jamais passar em branco.

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